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Seu Bené, o professor da farinha

Ele apareceu timidamente no fundo do palco do auditório lotado e pediu licença para falar. Benedito Batista da Silva (o Seu Bené) trabalha com produção de farinha desde os 12 anos.

Eu o encontrei pela primeira vez durante um congresso gastronômico no fim de 2010. O Mesa Tendências, que acontece anualmente no Senac-SP, é conhecido por ser um dos maiores eventos que reúne chefs de todo o mundo para debater questões sobre gastronomia. Nesta ocasião, acompanhei uma maratona intensa de palestras em diversas línguas com temas bem variados. Nomes estrelados como Alex Atala, Carlos Petrini e Massimo Bottura passaram por lá, mas foi a apresentação do Seu Bené que mais me marcou.

Ele apareceu timidamente no fundo do palco do auditório lotado e pediu licença para falar. Benedito Batista da Silva (o Seu Bené), agricultor de 65 anos da cidade de Bragança-Pará, trabalha com produção de farinha desde os 12 anos e veio contar sua história. “Minha mãe que me ensinou trabalhar com este tipo de trabalho na lavoura e, até hoje, sou apaixonado pela lavoura. Vou ficar bem velhinho trabalhando neste trabalho aqui”, conta. Ele, que sabe apenas assinar seu nome completo, deu uma aula de cultura brasileira, cultivo da mandioca e produção de farinha. Emudeceu os especialistas na platéia e os emocionou com sua luta para manter esta tradição viva.

Esta causa foi abraçada pelo Instituto Maniva, ONG que trabalha para proteger a herança alimentar e a biodiversidade agrícola do Brasil. A história de sua vida e de sua esposa virou até projeto: “Seu Bené e Dona Maria: empreendedores na agricultura e professores de farinha”. Sua missão é retratar o esforço em reunir os elos que compõem o sistema de produção e consumo de alimentos. O casal representa o resgate da farinha d’água empaneirada, produzida no município de Bragança, no Pará.

A produção é 100% artesanal e conta com técnicas indígenas. Ele, inclusive, embala seu produto com uma cesta feita de folhas de guarimã (chamada paneiro) para manter a crocância da farinha. Quer assistir uma aula do professor da farinha também? Escute atentamente as lições de Seu Bené no vídeo abaixo.

Com o apoio do Slow Food, movimento que segue o conceito da ecogastronomia, histórias como a do Seu Bené são resgatadas e valorizadas. É próprio Brasil se redescobrindo. Incentivos de instituições tão fortes como esta permitiu que a produção de farinha d’água em Bragança ganhasse força e até mesmo um festival. O professor da farinha ganhou mais alunos e viaja para difundir seu conhecimento.

Seu Bené, inclusive, ganhou o mundo: participou do evento Terra Madre na Itália e contou como foi esta experiência em um documentário (que você pode conferir aqui).

A descoberta da farinha empaneirada
Foi em Festival Gastronômico em Pernambuco que Teresa Corção, presidente do Instituto Maniva e chef do restaurante O Navegador (RJ), conheceu a farinha d’água empaneirada comercializada por Clayton. Encantou-se e, depois de um tempo, decidiu fazer um documentário sobre a produção de farinha. Recebeu informações de que Bragança era conhecida como uma das melhores do Brasil. Lembrou-se que Clayton era da região e foi ele quem apresentou o Seu Bené. Junto com a esposa, Dona Maria, de 60 anos, protagonizou o retorno de uma tradição adormecida. Estava diplomado o Professor da Farinha.

Onde comprar a farinha de Seu Bené e de sua comunidade:
Bombay
Alameda Ministro Rocha Azevedo, 856, Cerqueira Cesar, São Paulo/ SP.
Telefone: 11 3083-3999

Receitas

Bolo com creme de café

Receitas

Xarém Tropical

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