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Catadeiras de café

As catadeiras de café é um lembrete de um tempo em que o café era rei. Conheça mais a profissão que quase desapareceu com a industrialização

Nos anos 1950 e 1960 o coro de catadores de café era composto por crianças, homens e mulheres. Todo mundo reunido em um salão grande e empoeirado, com a missão de buscar grãos de café defeituosos. “É como escolher feijão!”, explica minha vó Nair, que coincidentemente, foi catadeira de café por alguns anos na cidade de Echaporã (interior do estado de São Paulo).


Naquela época, não havia esteiras ou maquinário para separar o “café bica” (jargão usado por profissionais do café e compreende nos grãos misturados com impurezas e defeitos). Por isso, o trabalho era medido em sacas. “Um saco de 60kg era colocado do lado da gente. Depois, grão por grão era analisado. Tudo tinha que ser muito rápido, pois o pagamento era feito por saca”, diz. Em sua experiência, ela conta que tudo era separado em recipientes diferentes e nada era jogado fora. No fim do dia, o administrador da fazenda contava tudo. O peso dos grãos bons, ruins e impurezas (pau e pedras) tinha que somar 60kg. “Ele tinha medo de ser roubado…tempos difíceis aqueles”, relembra minha vó no auge de seus 80 anos.

Com o passar do tempo e a proibição do trabalho infantil, este virou um ofício só das mulheres e ganhou uma ajuda tecnológica: as esteiras. Elas distribuem o café e facilita parte do processo, porém exigiu mais agilidade dessas profissionais. Os vídeos abaixo mostram como o trabalho é feito na prática.

 

 

 

 

O que mais me impressiona é a agilidade das mãos e o olhar atento. O vídeo mostra isso entre os momentos 00’04” e 00’20”.

Encontrei este artigo que romantiza o ofício com o termo “pianistas do café”. Adorei e compartilho com vocês. “Pianista era o apelido que, jocosamente, eles mesmos se davam. Por que “pianista”? Ora, porque ao sentar no banquinho em frente da máquina, para catar as impurezas – pedras, torrões de terra, folhas, gravetos – que vinham misturadas aos frutos do café, as pessoas, catando os ciscos na esteira, as mãos tocando aqui e ali, a esquerda e à direita, lembravam um pianista tocando as teclas do piano”.

Na era da internet e dos avanços tecnológicos, é muito difícil ouvir falar sobre as catadeiras de café. Porém, elas existem! Tive a feliz oportunidade de encontrar e conversar com seis mulheres durante uma visita à Fazenda Santa Margarida, em São Manuel (interior do estado de São Paulo). Coincidentemente, achei uma foto boa em uma reportagem da Vejinha (leia na íntegra aqui) das mesmas mulheres que encontrei (imagem do começo do post).

O processo em si acontece da seguinte forma: a luz é apagada para que o foco seja apenas a esteira ou a mesa com os grãos de café ainda verdes. A única luz do ambiente fica em cima dos grãos para facilitar a escolha. No cardápio das conversas vai desde a novela até notícias e fofocas da região. Quando perguntei sobre a rotina de trabalho, lembro de uma resposta bem direta de uma delas: “comparando com o trabalho duro na roça, estar aqui escolhendo café é um privilégio”.

Ao humanizar um processo que hoje é largamente industrial, as catadeiras de café sobrevivem e inspiram com seu trabalho. Este é caso do artista Anibal Werneck de Freitas, que compôs os seguintes versos cantados (confira a música aqui).

CATADEIRAS DE CAFÉ
Mulheres velhas, novas e negras
Catando o café em meio ao suor.
Banhando o salão amplo e sombrio,
Contrastando com o sol forte no meio-fio.
Dessas mulheres depende a cidade,
Sem elas morre o poder da falsidade
E o padre na igreja sem o café
Não pode sustentar nos fiéis sua fé.
Catadeiras de café!
Catadeiras da fé!
Catadeiras do chão!
Catadeiras sem razão!

Imagem #1 – Blog Família Sarno
Imagem #2 – Leandro Moraes para Veja São Paulo

Bebidas

Café Brasileiro Gelado com Xarope de Coco

Bebidas

Milkshake de Café Santa Clara

Bebidas

Café Pimpinela Gelado com Iogurte

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