Receitas

Submarino – bolinha de chocolate

Essa delícia, que experimentei pela primeira vez em Buenos Aires, subiu à tona em minha memória quando me deparei com a receita da chef Carole Crema, no Caderno de Comida da Folha. É também deliciosa, mas diferente da que me encantou no requintado café da cidade portenha.

Quando entrei no Café Tortoni pela primeira vez, no final dos anos 70, a atmosfera um pouco sombria evocou imagens das tertúlias literárias vividas naquele espaço, lideradas principalmente pelo escritor Jorge Luis Borges. Lembro-me de ter me sentado à mesa e pedido um submarino, que consistia num leite quente com uma barrinha de chocolate. Quando mergulhada no lpiquido quente, derretia-se deliciosamente.

As mesas de madeira escura, com inúmeras camadas de verniz, espelhavam minha xícara e o recém comprado livro de contos: “O Aleph”. Aquelas letras evocavam bibliotecas fictícias, labirintos e sonhos que me levaram a sorver a bebida. Durante a leitura, eu espiava pelos espelhos de vidro bisotado na espera de ver refletido neles Borges com Ernesto Sábato falando sobre romances e contos. Não pude ver nenhum deles, mas o conto “O Aleph” e o sabor da bebida ainda estão impressos nas lembranças.

Buenos Aires é uma cidade que rescende à literatura e poesia através de seus cafés e ambientes onde os poetas se sentem em casa. Essa receita para mim é um mergulho nesse espaço envolvente ou também pode ser uma aconchegante bebida para esses dias frios.

“Apesar da chuva eu tenho saído
para tomar um café. Estou sentado
sob o toldo tirante e empapado
de este velho Tortoni conhecido.”

(escritor e poeta Baldomero Fernández Moreno)

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