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6º Concurso de Qualidade de Café de Divinolândia

O convite veio de onde eu menos esperava. A especialista em cafés, Eliana Relvas, recebeu a missão de avaliar os cafés produzidos na região de Divinolândia (interior do estado de São Paulo) e me chamou para acompanhar o processo. Eu sei o quão importante os concursos de qualidade são para os produtores, mas nunca tive a oportunidade de acompanhar suas etapas de perto. Por isso, não pensei duas vezes!

Depois de algumas horas de estrada e caminhos perdidos (pois o GPS não reconhece as ruas da pequena cidade), lá estava ela: Divinolândia. Localizada entre Caconde e São Sebastião da Grama (SP), ao lado de Poços de Caldas (MG), ela conta com uma população de aproximadamente 11 mil habitantes. A agricultura é uma das principais atividades da cidade e concentra muitos produtores pequenos. No passado, ela já foi conhecida como produtora de batatas, mas a cafeicultura é a grande estrela do momento.

Durante um tour por algumas propriedades de lá, o presidente do Sindicato Rural de Divinolândia (SRD), Francisco Sérgio Lange, apresentou orgulhoso as lavouras. Como eu sempre penso em vocês, dividi aqui algumas imagens das belezas que vi em nossa página do facebook. O dia 23 de setembro, quando chegamos, foi dividido em duas atividades principais: enquanto um grupo visitava os pequenos sítios, outro ajudava o mestre em torras Calixto Pelicari a torrar 79 amostras que estavam participando do concurso. Depois de todos os cafés torrados e a região visitada, o grande dia de avaliação (24 de setembro) se aproximava e prometia ser longo.

Um grupo de seis especialistas (na foto, da esquerda para a direita: Gerson Giomo, Sergio Parreiras Pereira – que não foi jurado -, Eliana Relvas, Eduardo Matavelli, Francisco Ibanez, o jovem Felipe e Calixto Pelicari) foi escalado para provar os cafés pela metodologia da SCAA (Specialty Coffee Association of America). Sem exageros, foram quase nove horas de degustação. Dava dó de ver todos eles super concentrados e provando muitos e muitos cafés. Particularmente, por mais que adore a bebida, acho que eu não aguentaria.

Depois de tanto provar café, o veridicto:

O primeiro lugar ficou para o produtor Francisco Sérgio Lange (presidente do SRD), que atingiu a pontuação de 87,06 com o café da variedade tupi. De acordo com a análise, os grãos apresentam notas de tangerina, chocolate, cítrico, mel e frutado. O segundo lugar ficou para Celso Ricardo Minussi, que conquistou 85.38 pontos com seu catuaí amarelo. Terceiro lugar foi para Célio Ricardo Minussi com 84.81 pontos, também com a variedade catuaí amarelo. Foi neste dia que eu descobri que os cafés com mais de 80 pontos são considerados especiais e conseguem ser vendidos por preços bons. De acordo o engenheiro agrônomo e idealizador da comunidade Manejo da Lavoura no Peabirus, Sérgio Parreiras Pereira, os concursos podem até triplicar o valor da saca quando premiados.

Considerando que este assunto pode render tanto, gravei uma conversa que tive com o presidente do SRD, Francisco Lange, e com o homenageado do dia, Sérgio Parreiras Pereira. Confira os vídeos abaixo.

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Muitos amantes do café, embebidos pelo glamour da profissão de barista e que investem bastante em equipamentos caros (cafeteiras, moedores, etc), não imaginam como é feita a degustação/análise dos cafés. Eu não sabia e achei importante dividir. O processo envolve etapas.

1 – Primeiro, é necessário analisar o cheiro do pó do café moído e torrado. Neste momento, seu aroma é avaliado e suas características são registradas em uma ficha.

2 – Depois, a água quente é adicionada nos copinhos e fica por lá por alguns segundos.

3 – Passado o tempo de infusão, a pessoa que vai avaliar o café mexe a bebida com a ajuda de uma colher e cheira novamente. Este processo é conhecido como “quebra da xícara”.

4 – Para iniciar a degustação (análise sensorial), é preciso retirar o pó que fica boiando na superfície da água quente.

5 – Depois de limpo, o especialista pega a mesma colher que usou antes e experimenta o café. Este foi o momento em que me surpreendi. Por serem tantas amostras juntas, ninguém pode beber café. Tudo que vai para a boca, é dispensado em copinho de plástico e, depois, vai direto para um balde. Pode até ser desagradável de se ver, mas isso é rotina para os profissionais do café. Para quem achava que só de glamour se faz o café, fiz um vídeo mostrando este ritual.

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Enquanto o time de degustadores estava ocupado, a cidade se organizava para a grande festa de premiação. Todo mundo estava engajado. Decoração, ordem de solenidades e cardápio do evento recebiam os últimos retoques. Tudo pronto para anunciar quem eram os produtores com os cafés campeões. Durante a apresentação, fiquei encantada com a o coral da cidade e me emocionei com o clube de violeiros. Foi realmente uma experiência única. Sai de lá com a certeza de que vou voltar. Divinolândia é de fato, uma jóia rara incrustada na serra!

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