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Onde está o espaço para o café?

O ano de 2011 está quase acabando e o cardápio de eventos, congressos e encontros para debater assuntos gastronômicos chegou ao fim. Como entrada e prato principal, assuntos ligados à sustentabilidade, cozinha consciente, valorização do produto, novas técnicas e descobrimento de novos ingredientes foram explorados ao longo do ano. A sobremesa veio bem farta com os quatro dias intensos Semana Mesa SP (realizado pela revista Prazeres da Mesa), onde 140 chefes apresentaram ideias e novas formas de se pensar a cozinha. Para encerrar com chave de ouro, um cafezinho? NÃO! Neste cardápio de reflexões gastronômicas, não houve muito espaço para o nosso café.

Isso se explica muito quando observamos a rotina de um restaurante. As grandes estrelas são os vinhos e a criações dos chefes. O atendimento é avaliado, juntamente com o ambiente e os preços. Mas e o café? Geralmente, o espresso é preparado pelo bartender e é servido sem grandes pretensões. Barista? Pra quê? O garçon que o serve não descreve suas características, nem mesmo seu terroir. Parece familiar? Infelizmente, é isso que se vê nas rodas de discussões gastronômicas.

Se não me falha a memória, o evento Paladar Cozinha do Brasil (realizado pelo jornal O Estado de S.Paulo) foi um dos poucos que deram um bom espaço para o café. Em 2011, o especialista Ensei Neto falou sobre harmonizações com a bebida e sobre suas regiões produtoras. Bastante produtivo, mas só. Durante os quatro dias de aulas e debates do Semana Mesa ao Vivo, uma média de 30 palestras por dia (veja a programação aqui), a presença do café foi bem tímida. Vi apenas duas marcas de café apresentando seus produtos na parte Melhores da Cidade (espaço para estabelecimentos ofereceram degustações de pratos e quitutes premiados). Em outras palavras, cafés foram experimentados, mas nenhum conhecimento foi divido. Foi somente na aula de Eliana Relvas sobre harmonização de queijos e cafés, assunto que já falei aqui, que saciei minha vontade. Adorei a apresentação, mas cabe lembrar que a cafeóloga é consultora do Pão de Açúcar, patrocinadora master do evento. Coincidência?

O engraçado é que também não encontrei baristas ou pessoas ligadas ao mercado do café nos corredores deste evento. Será que o problema é a falta de comunicação entre gastronomia e café? Não deveria! Não podemos permitir que o maior produtor cafeeiro do mundo tenha discussões tão superficiais e eventuais sobre café. Imagine debates focados para a bebida, como vemos no Espaço Café Brasil (realizado pela Café Editora), expandido para grandes eventos de gastronomia?! Seria definitivamente um ganho para todos.

Portanto, em nome de um 2012 mais cafeínado, fica o debate para todos os amantes da bebida e seus profissionais. O que vamos fazer para despertar este gigante do café?

Imagem: Blog Simplesmente Florescer.

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